Editorial Portogente
04 de Novembro de 2024 às 00:11
Quando há profundidade de água acessível o comércio marítimo flui.
A dragagem – processo de remoção de sedimentos e materiais do fundo dos cursos d’água – é fundamental para garantir a operação contínua e segura dos portos. Com o aumento do calado operacional dos navios, a necessidade de aprofundamento dos canais de navegação e dos berços de atracação torna-se essencial para fortalecer a competitividade dos portos brasileiros.
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O governo brasileiro está avançando em estudos e propostas para conceder a gestão dos canais de acesso dos principais portos à iniciativa privada, com contratos de longo prazo. Essa é uma decisão acertada, considerando que planos de longo prazo permitem uma melhor estratégia para manutenção das profundidades, gerando maior produtividade nas dragagens. Atualmente, esses contratos são curtos, de um a dois anos, e frequentemente enfrentam disputas judiciais, prejudicando a estabilidade necessária para operações contínuas e eficientes.
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A eficiência na dragagem também depende da densidade do solo in situ e da capacidade das empresas de realizar o serviço com qualidade e produtividade. Entretanto, questões como aditivos contratuais, acréscimos e as dificuldades no licenciamento fazem com que o mercado de dragagem seja quase monopolizado, com contratos recorrentes para as mesmas empresas. Somente por isso, esse contexto desfavorece a melhor abordagem, mais técnica, ampla e criteriosa para que o setor atinja os melhores padrões mundiais, de produtividade e sustentabilidade.
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Esse tema foi amplamente abordado em webinars do Portogente, onde se discutiu o contrato de dragagem do Porto de Santos com a Van Oord, marcado por polêmicas e críticas quanto aos custos. Esse episódio evidencia a importância de critérios técnicos sólidos na gestão da manutenção das profundidades à navegação, como fator de segurança e competitividade comercial. Hoje, uma realidade aquém das possibilidades.
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A dragagem no Porto de Santos há muito tempo é um desafio que demanda soluções definitivas. Como ilustra o caso da Dragabrás Serviços de Dragagem, empresa belga responsável pela dragagem do canal de acesso, cuja medição foi contestada pela Autoridade Portuária, mas ainda assim foi paga. O episódio continua gerando dúvidas e rumores até hoje, reforçando a necessidade de transparência e de critérios rigorosos.:
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Diante da oportunidade de aprimorar a gestão da dragagem nos portos brasileiros, o Porto de Santos tem potencial e convém servir como paradigma para o setor, combinando gestão eficiente, sustentabilidade e alinhamento técnico com as melhores práticas globais.
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